Virgem é o signo da donzela pura, o cetro inviolável – que é tudo uma maneira de encobrir com palavras e imagens uma verdade indizível. O yod,
bindu, chama ou estrela-semente que é a letra do 20º caminho e o trunfo IX O
Eremita do Tarô , na Árvore Hermética
é Hadit, o doador de Vida, o animador de
todas as coisas que vivem e se movem
e que têm suas existências.
Tarô de Thoth: Atu IX – O Eremita
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A imagem do Tarô representa
um eremita, pois Hermes é a divindade grega que os romanos chamavam Mercúrio. Hadit é Mercúrio na
mais alta – ou a mais simples ou abstrata – forma. Mercúrio
é o regente planetário do signo de Virgem, e
Virgem é a única no Zodíaco
em que Mercúrio
rege o signo e também é nele exaltado.
A lâmpada do eremita é uma metáfora para a Luz Hermética, que ele oculta do mundo. Seu cajado
é a energia, a Força Oculta, que ele aplica com estrita vigilância e economia de meios em
direção a Grande Obra. Atrás dele
está Cerberus, o cão de três cabeças do
inferno. Cerberus, o filho de Typhon,
funciona tanto como flagelo quanto Guardião do Portal – pois ele impede
que aqueles que se tornaram enredados
no submundo nunca escapem.
O caráter mundano de Virgem, o mutável signo de terra, está todo sobre as particularidades, os detalhes de cada
coisa. A mente conceitual,
impulsionada para a frente pelo açoite de Hadit, ainda que jogada
de volta para o abismo pelo filho
de Typhon, reproduz e gera mais e mais
crianças infernais. Por conseguinte
a Arte Conceitual é agora a doutrina predominante
nas instituições acadêmicas atuais.
É um sinal ou presságio
de que a mente analítica atingiu sua imersão
total no reino da matéria no nível mais baixo ou mais
denso.
Nesta extremidade material da mente humana, sucede a situação retratada no
arcano menor do Tarô chamado Dez de Espadas.
O coração ou a alma humana é dividida em fragmentos que são explodidos, queimados
e espalhados através do vazio ecoante do
espaço – dilacerada pelo poder de divisão da
espada da mente racional.
Como uma raça, ainda estamos no rescaldo da explosão da primeira bomba atômica – um
ponto que foi freqüentemente colocado por Kenneth Grant
em suas Trilogias Tifonianas. Nós vivemos em uma época que treme diante da sombra aterrorizante
do Macaco de
Thoth como está retratado no
trunfo do Tarô atribuído a Hermes-Mercúrio. É por isso que, em nosso primeiro trabalho publicado, optamos por utilizar os átomos e partículas
físicas como uma analogia metafísica. [1] O
trauma desse tremendo
evento de colisão de átomos, que tenderam
para muito mais além do que até mesmo a matéria física, agora continua a
repercutir no plano da mente. Os telefones celulares, computadores e outros dispositivos digitais que são agora
as pragas-fetiches do nosso tempo não são mais do que os veículos "particulares"
de expressão para a impressão duradoura desta atrocidade atômica infernal
sobre a inteligência coletiva da humanidade. Esse evento singular demonstrou
que as mentes mais talentosas
e sutis que a
raça poderia produzir eram
apenas, no final, capazes de produzir destruição em massa sem sentido, bárbara,
em uma escala nunca antes imaginada.
O átomo fragmentado varre a
matéria para longe em uma titanica e ultra-rápida nuvem
de fogo e fumaça, mas o primeiro teste
de seu desencadeado poder destrutivo
rasgou o tecido do espaço e do tempo. Uma rachadura
foi então aberta na delicada membrana que circunda o planeta – o invisível
ovo de luz que uma
vez serviu como uma barreira ou
um anel de não passagem contra a
intrusão daqueles "De fora", como Grant denominou. É por isso que o Louco que Aleister Crowley pintou
para o caminho mais alto de Aleph na Árvore
Hermética usa uma máscara de loucura e horror
– pois ele abriu um véu que uma vez foi
esboçado com tanta firmesa para aparecer sem emenda, e, portanto, invisível aos
olhos mortais. Qual é o segredo que
o Louco contempla? É ele próprio que ele
vê, arremessado para baixo
em direção ao abismo.
A configuração de estrelas e planetas significa que nós realmente
entramos em uma nova era. É uma época em que cada
Iniciado deve conservar toda a sua energia e direcioná-la
para a Grande Obra. Só então
eles terão sucesso em elevar-se acima do que é chamado metaforicamente,
"as águas da enchente do Nilo".
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Nota
de rodapé Ref.
The Ending of the Words – Magical Philosophy of Aleister Crowley by Oliver St. John and Sophie di Jorio (Ordo Astri).
The Ending of the Words – Magical Philosophy of Aleister Crowley by Oliver St. John and Sophie di Jorio (Ordo Astri).
© Oliver
St. John 2013, revisto em 2014
Texto originalmente publicado em HermeticLight
© Tradução de Lilia Palmeira-
2014